Aznavour fez primeira noite dos dois shows programados para Porto AlegreFoto: Dulce Helfer |
Ele é baixinho, não figura entre as mais belas criaturas do mundo e canta um tipo de música que, certamente, se fosse entoada por qualquer outra pessoa, seria tachada de brega. Mas a figura em questão é Charles Aznavour e dispensa qualquer qualidade que não seja seu talento artístico. Na noite desta segunda-feira, em Porto Alegre, o cantor de 83 anos mostrou porque é considerado o último dos chansonniers. Para uma platéia de 1,1 mil pessoas - que, diga-se, não lotou o Teatro do Sesi -, Aznavour comprovou que, a despeito de qualquer passagem de tempo, a música francesa nunca sai de moda.
O relógio marcava 21h15min quando o senhor de cabelos brancos e grossas sobrancelhas negras subiu ao palco. Vestindo a habitual roupa social preta, ele abriu a noite com a conhecida Le Temps, acompanhado por uma talentosa orquestra e por duas vocalistas, Katia Aznavour, sua filha, com quem fez dueto em Je Voyage, e Claude Lombard, aplaudidíssima em Mon Émouvant Amour.
Ao vivo, nota-se que Aznavour é tão bom ator quanto cantor. Gesticula, caminha no palco, brinca com caras e bocas, abraça a si mesmo em determinada hora, faz cara feia... Tudo na dose exata de quem já fez mais de 60 filmes e trabalhou com o consagrado diretor Françoise Truffaut, entre outros. Difícil mesmo era só quando ele resolvia conversar com a platéia em francês – notadamente, percebia-se que 90% das pessoas não entendiam uma única palavra.
Curioso é o fato de o maior sucesso deste classudo francês ser uma música cantada em outro idioma bem distante da Flor do Lácio: o inglês. Foi com She, já quase na metade da apresentação, que Aznavour conquistou a primeira reação mais calorosa do público. A verdade é que estavam todos ansiosos pelos famosos versos "she may be the face I can't forget / a trace of pleasure or regret / may be my treasure or the price I have to pay".
Os sucessos foram reservados para a parte final do espetáculo, assim como as maiores demonstrações de afeto. Antes do término, porém, uma pequena gafe: ao fim de La boheme, como já é de praxe, Aznavour ofereceu ao público o lenço que usara para secar o rosto. Como ninguém entendeu nada, também ninguém esboçou reação nenhuma. O cantor teve que jogar sua toalhinha no chão do palco mesmo.
Com Emmenez-moi e Que C'Est Triste Venice, Aznavour, ovacionado, fechou a primeira noite dos dois shows programados para a capital gaúcha. Os ingressos para a apresentação desta terça-feira já estão esgotados.
Veja Charles cantando Le Temps:
>>> Confira mais detalhes do segundo show no hagah
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