Foto: André Feltes, Divulgação |
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O compositor Paulinho da Viola deleitou os presentes no show dessa terça-feira, 18 de março, no Teatro do Sesi, com alguns dos maiores sucessos de sua carreira. Compositor (e não cantor porque é assim que ele se considera), e alguns dos sucessos (porque são mais de 40 anos de estrada e aproximadamente 300 músicas criadas). É canção que não acaba mais.
As cortinas se abrem e logo se ouve o som do bumbo marcando o compasso. Isso é o samba, que vem com aquele arrepio nos pêlos do braço. A elegância do músico no palco é incontestável. Sempre sorrindo, o sambista segue à risca o roteiro do show, que indicava Timoneiro para a abertura. A suavidade da voz poderia contrastar com a sonoridade grave do samba, mas isso não acontece. Tudo se encaixa perfeitamente, instrumentos, coro, arranjos e ele, ali, no seu cavaquinho.
Logo depois, a apresentação continua com Coração Leviano, Amor É Assim e Onde a Dor Não Tem Razão. A execução de Foi Demais foi precedida de uma homenagem ao parceiro com quem compôs a mesma, Mauro Duarte. O chorinho teve vez em vários momentos do show, entre eles na canção Coração Machucado.
Em uma pequena pausa, Paulinho esfrega as mãos e reclama, bem humorado, do frio do ar-condicionado do teatro e comenta:
- O violão acha que está numa geladeira, e desafina - diz enquanto afina o instrumento - vou ter que fazer isso algumas vezes.
E teve mesmo.
Como diz uma de suas músicas mais conhecidas, Dança da Solidão, quando pensa no futuro, ele não esquece do passado, e conta vários episódios que se passaram em sua juventude no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro.
Tema corriqueiro, a solidão está presente em quase todas as canções e, correndo o risco de ser clichê, a cuíca chorava triste, como deveria ser. Ora ao violão, ora ao cavaquinho, o sambista chegou a ensaiar uma jogadinha de ombros em Pecado Capital, mas foi o máximo que se pôde ver do samba no pé de Paulinho da Viola. Ele se dá bem mesmo é tocando e cantando.
Esta é primeira turnê da carreira em que Paulinho toca sem estar ao lado do pai, César Faria. Ele faleceu em outubro do ano passado, e agora quem ocupa esse lugar no palco é seu filho, João Rabello, violonista. A emoção veio à tona e boa parte da platéia teve que segurar as lágrimas durante Sinal Fechado e o pout pourri com 14 Anos, Jurar com Lágrimas e Recado, mas muitos não se contiveram ao som de Coisas do Mundo Minha Nega. Ao cantar Foi Um Rio Que Passou Em Minha Vida, ouvimos a história desta canção, gravada também por Jair Rodrigues, que incluiu na letra aquele famoso Laiálaiá Laiálaiá LaiáaaLaiaaa e que acabou sendo incorporado pela insistência do público nos shows.
Se parasse por aí, todos já estariam felizes. mas ainda teve a indefectível Nervos de Aço, de Lupicínio Rodrigues e Eu Canto Samba, pra fechar. No bis, o sambista volta para uma longa apresentação da banda, que mereceu todos os aplausos em pé que recebeu, e ainda para tocar mais uma vez o clássico Timoneiro e Talismã, parceria com Marisa Monte e Arnaldo Antunes.
Dizem que o Rio Grande do Sul é o Estado mais roqueiro do Brasil, mas rapaziada estava mesmo sentindo falta de um cavaco, um pandeiro e de um tamborim.
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