Por Luís Felipe Scolari
A opinião da imprensa nacional sobre o futebol gaúcho varia de acordo com as conseqüências. Quando gaúchos enfrentam cariocas ou paulistas vão logo avisando que somos violentos para depois dizerem que haviam prevenido. O que acontece é que há questões políticas e de arbitragem envolvidas nisso. As pessoas, apesar da grandeza do Grêmio, querem ver o Corinthians ou o Flamengo numa final. Quando jogamos contra um time argentino tudo muda. Aí somos os raçudos, que levam o futebol a sério, o time copeiro, que sabe jogar na Libertadores. Tudo depende da circunstância. Nós temos que enfrentar a tudo e a todos.
Mas paciência, acho que todo o país está vendo quem é o Grêmio. Aquela história de que o Grêmio é violento não cola mais. Já provamos para todos que o nosso trabalho é competente. O jogador que chega ao Rio Grande do Sul tem que se adaptar. Nós temos um estilo diferente daquele empregado em outros estados. Se o Grêmio for jogar como jogam as equipes cariocas não ganha nem o campeonato da zona. Além disso, acho que já ficou bem claro o erro de definir um jogador como bonzinho e outro como malvado. Essa história não existe. O jogador que se diz bonzinho na verdade esconde o rabinho e os chifres. E definir um atleta como o cara mais malvado do mundo chega a ser infantil. O fundamental é ter caráter, mas não ser bobo. Olha o caso do Edmundo, taxado por todos como problemático. Considero essa opinião uma tremenda bobagem. Podem chamar o cara de louco, mas eu sei que ele tem noção dos limites para a loucura. Ele é louco até ali.
A mesma história é a daquele técnico que só fala em atacar e deixar que o outro também jogue. Dentro do vestiário isso não ocorre e nem pode ocorrer. Todos têm que marcar e tirar os espaços do adversário. No Grêmio conseguimos impor uma filosofia ao natural.
O jogador participa de tudo o que ocorre no clube. O presidente Fábio Koff desce todos os dias para o vestiário e orienta os jogadores sobre como aplicar o dinheiro. Isso só pode fazer com que o cara tenha amor à camiseta. É uma espécie de amadorismo profissional. E a hierarquia é mantida.
Os jogadores sabem ter respeito. Eles vêem que me preocupo com a família, que vou à missa aos domingos. Passo um exemplo de humildade na vida. Tudo isso entra em campo conosco.
Artigo publicado na Placar de Agosto de 1996
Um texto atemporal e que serve para todos nós torcedores, jogadores, comissão técnica, dirigentes e imprensa.
Felipão eterno.
CaPu e Lucas Silveira trazem histórias do Grêmio, palpites e opiniões sobre a situação do time e tudo o que cerca o Imortal Tricolor Lucas Silveira - http://twitter.com/lucasvon Capu - http://twitter.com/CapuAtl email do blog: blogtricolorgremio@gmail.com
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