Começo este texto 04:07 AM. Já dia 4 de dezembro de 2008. O Inter, horas atrás, foi campeão da Sul-Americana. Venceu na prorrogação o Estudiantes de La Plata, gol do Nilmar. Com isso, meu coração ficou feliz da vida... Meu irmão, que nunca tinha ido numa decisão no Beira-Rio ficou feliz da vida - ele achava que era azarado... Mas Nilmar ajudou meu irmão: meu irmão e mais de 6 milhões de pessoas. O Inter, com o gol de Nilmar, conquistou as 4 competições internacionais mais importantes que um clube das Américas pode obter. Tudo perfeito, né?! Claro, tudo perfeito, mas, agora, entra a verdadeira razão de eu estar aqui, no computador, escrevendo essas palavras. Saí do Beira-Rio, com meu irmão, e fomos para a Goethe, local de festa de títulos em POA. Algo como o Obelisco em Buenos Aires. Ali, milhares de colorados cantavam e brindavam a taça, todos com sorrisos no rosto, com suas namoradas, irmãs, primas, primos, amigos, pais, etc. Todos sabem na capital gaúcha: título? Vai pra Goethe! Pois bem, por volta das 3 da manhã algo de errado aconteceu. Tiros de armas que espantam multidões começaram a ecoar. Correria, pessoas ao chão, mulheres chorando, homens sangrando. Gritaria, garrafas quebradas e aquele barulho peculiar de uma confusão envolvendo uma multidão e a Polícia, instituição tratada tão mal no Brasil. Mas, algo de errado aconteceu nas primeiras horas do dia 4 de dezembro na Avenida Goethe em Porto Alegre. Eu, Luciano da Silva Lopes, apelidado na Rádio Atlântida de L. Potter, vi coisas que não queria ver. Quero classificar agora, não a polícia, e sim, A AÇÃO DA POLÍCIA NESTE DIA, NESTE MOMENTO, NESTA FESTA DE TÍTULO. Palavras que cabem à ação da BM: prepotência, arrogância, violência. Ouvia berros, metros de mim: "A festa acabou!". Era um policial, gritando, bradando, com as armas que o defendem de uma multidão. Ao lado, um colorado, que empunhava um bumbo, com a camisa clássica de Figueroa, momentos atrás, mostrava a perna suja de sangue. Sua namorada, mostrava a indignação. As pessoas, 99,99% delas, não entendiam o porquê daquilo tudo. Por que a Brigada Militar despejou violência? Por que um Brigadiano olhou pro meus olhos e foi arrogante, com cerca de dez brigadianos, protegidos do revide de garrafas de vidro que voavam como forma de defesa da multidão que teve vilipendiada a sua vontade de festejar? Quem começou? Jornalisticamente, não posso afirmar. Estou aqui contando o que vi e ouvi. Quem mais viu? Serginho Moah, do Papas da Língua, Vavo, guitarrista da Fresno, Leando Bortholacci, ou Lelê, empresário de uma série de bandas. Eles e mais uma multidão de homens e mulheres viram e devem estar agora, se perguntando: por que tamanha violência da polícia? Por que tanta estupidez? O que justifica a completa falta de educação com mulheres? Por que tiros que espantam multidões apontando pra elementos da mesma? Eu, jornalista, ser humano e colorado, por incrível que possa parecer, estou indo dormir triste, com uma sensação de injustiça. Nilmar me deu um presente. A polícia que estava na Goethe, nas primeiras horas do dia 4 de dezembro de 2008, arrebentou, estraçalhou com ele. Uma pena. Meu coração dormirá calado e angustiado. Não queria ter visto, não queria nem ter ouvido falar. Mas, aconteceu e é meu dever espraiar isso. É meu dever de ser humano. Assim como seres humanos são os policiais que me olharam nos olhos e foram estúpidos com alguém que queria saber o porquê da enorme e grotesca violência que vi e senti o cheiro na Avenida Goethe, em Porto Alegre. Cheiro ruim, cheiro de covardia. Lamento, mas foi assim que vi. Ah!, minha pergunta pro Brigadiano? Foi essa: por que isso tudo? O que foi o estopim? A resposta? Arrogância. Aos berros. Aos tiros. Toda multidão é santa? Não. Todo policial é estúpido? Não. Porém, eu, não apontaria uma arma de espantar multidão pra perna de uma pessoa, 1 metro e meio de mim. Eu acho que isso é covardia. Repito, com pesar: uma pena o que vi, ouvi, cheirei e tateei cerca de uma hora atrás nos festejos da Copa Sul-Americana 2008 em Porto Alegre, na Avenida Goethe. UM ADENDO FEITO ÀS 23:31: DEPOIS DE LER OS COMENTÁRIOS SURGIU A (DES)INFORMAÇÃO DE QUE EU ESTARIA DENTRO DE UM BAR. ERRADO. NÃO ENTREI EM NENHUM BAR. ISSO É UMA INVERDADE. QUEM ME VIU NA GOETHE ONTEM ME VIU OU NA RUA OU NA CALÇADA. QUASE 24 HORAS APÓS O OCORRIDO SURGEM NOVAS INFORMAÇÕES SOBRE O OCORRIDO: NENHUMA DELAS COM A TOTAL CERTEZA DOS FATOS. A PERGUNTA QUE AINDA FICA É A SEGUINTE: SE ESPALHA VIOLÊNCIA EM CENTENAS DE PESSOAS POR CAUSA DE MENOS DE UMA DEZENA DE ARRUACEIROS? FOI O QUE FALEI NO PRETINHO PRO PRÓPRIO CEL. MENDES. 24 HORAS DEPOIS, CONTINUO COM A DÚVIDA DO PORQUÊ DE TAMANHA ESTUPIDEZ. A POLÍCIA, COM CERTEZA, DEVE TER SUA RAZÃO.
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