Não lembrava, mas de certa forma conhecia a quadra da Mangueira da televisão. Ao entrar lá, com tudo muito iluminado (e assim fica durante toda a noite), me veio a imagem que aparece na telinha da Globo acompanhada da narração todo ano durante a apuração dos resultados do carnaval carioca: no quesito Bateria, Estação Primeira de Mangueira, nota 10! E nota 10 foi participar de um ensaio e ouvir bem de pertinho a bateria e os puxadores de som da Verde-e-Rosa.
Maíra, Paola, Angelina e eu, ainda comportadas antes da bateria começar a tocar, enquanto a quadra ia enchendo aos poucos
Nem tudo foi exatamente como imaginava. Para o bem e para o mal, descobri que o ensaio - pelo menos o do sábado, dia 13 de dezembro – é mais para turistas do que para a comunidade.
Ou seja, a escola precisa dos visitantes e foi tudo muito tranqüilo, da chegada de táxi até a entrada do morro (onde fica a quadra), passando pela compra do ingresso por R$ 20, a espera do espetáculo sentada em mesas que um amigo havia reservado (cheguei às 22h30 e o ensaio propriamente dito começa perto da meia-noite), o banheiro bem honesto com várias meninas distribuindo papel e orientando a fila, até a hora de sambar e aprender o samba-enredo do carnaval 2009 (na entrada todos recebem um papel com a letra!). Mas, a predominância de brancos na quadra, muitos dos quais sem samba no pé, quase dá a impressão de que estamos participando de algo fake. Quase, porque a bateria é original e muito emocionante, assim como é a rainha que samba no palco para dar inveja a qualquer um, os puxadores num púlpito também, e para completar fiquei bem pertinho da diretoria da escola, ou de parte dela. Ninguém precisou nem me dizer quem era o bicheiro, de tão típico que ele estava com a camisa aberta, um relógio de ouro no pulso, charuto e um copo de Red Label na mão. Fiquei feliz de ajudar a patrocinar, junto com ele, aquela festa animadíssima que tenho certeza que só melhora até se mudar para a avenida.
###
O samba que aprendi a cantar:
A Mangueira Traz os Brasis do Brasil Mostrando a Formação do Povo Brasileiro
De Lequinho, Gilson Bernini, Clarão, Jr. Fionda
Deus me fez assim filho desse chão
Sou povo, sou raça... miscigenação
Mangueira viaja nos brasis dessa nação
O branco aqui chegou
No paraíso se encantou
Ao ver tanta beleza no lugar
Quanta riqueza pra explorar
Índio valente guerreiro
Não se deixou escravizar, lutou...
E um laço de união surgiu
O negro mesmo entregue a própria sorte
Trabalhou com braço forte
Na construção do meu Brasil
É sangue, é suor, religião
Mistura de raças num só coração
Um elo de amor à minha bandeira
Canta a Estação Primeira
Cada lágrima que já rolou
Fertilizou a esperança
Da nossa gente, valeu a pena
De Norte a Sul desse país
Tantos brasis, sagrado celeiro
Crioulo, caboclo, retrato mestiço,
De fato, sou brasileiro!
Sertanejo, caipira, matuto... sonhador
Abraço o meu irmão
Pra reviver a nossa história
Deixar guardado na memória... o seu valor
Sou a cara do povo... Mangueira
Eterna paixão
A voz do samba é verde e rosa
E nem cabe explicação
O vídeo da quadra
Quanto custa
R$ 20, em dinheiro
Bolinho de camarão, aipim e catupiry, sanduíche de pernil (à direita) e o movimentado balcão do BracarenseFoto: Tatiana Klix |
Quatro da tarde é um bom horário para sair da praia, né? Sim, eu sou daquelas que gosto de perder a hora na beira do mar, tomando sol, banho de mar, lendo, jogando conversa fora, bebendo caipirinha e enganando a fome com milho verde ou queijo na brasa. Foi o que fiz sábado passado no Rio, até que o mormaço deu lugar de vez para o tempo nublado e a minha barriga começou a reclamar. Para continuar na boa vida, o destino foi um boteco: o Bracarense.
O bar é do tipo tradicional, programa de cariocas da gema e imperdível para turistas também. Maaara, de maravilhoso, como diria a Angelina, uma amiga que estava junto. Provavelmente por isso, tava lotadíssimo quando chegamos no sábado passado, e assim estava há alguns anos na primeira vez que fui lá. Mas até esse incômodo faz parte da experiência, quase antropológica, no Bracarense. E essa frase é da Cacá.
Com mesas abarrotadas na rua e dezenas de pessoas sendo servidas em pé, perguntamos pela fila de espera. Não tem, cada um vai esperando e se virando. Ou seja, não conseguiríamos sentar de jeito nenhum. Mas a atmosfera animada e o cheirinho gostoso da comida não deixaram com que decidíssemos procurar outro lugar. No balcão a experiência ficou ainda mais interessante. É uma correria, muita gente gritando e fazendo pedidos, garçons ágeis, mas pouco delicados se virando em mil de um lado para o outro, uma bagunça, mas que bagunça divertida e eficiente.
A começar pela comida, deliciosa, de fazer humm só de lembrar. Provamos o sanduíche de carne de pernil, bem molhadinho e saboroso, sanduíche de filé, bolinho de bacalhau, caldinho de feijão e -o melhor de todos - bolinho de aipim com camarão e catupiry. Tudo acompanhado de chopp, muito bem tirado, geladinho, que o Roni, o garçom que nos atendeu (na foto, à direita), não deixava faltar por nenhum minuto, mesmo que na hora de servir sempre derramasse um chorinho para o santo sobre o balcão. No fim, a boa notícia é que a conta deu só R$ 25 por cabeça! Para meu espanto, tava tudo registrado na nota, nenhum quitute e copo a mais ou menos, com direito a dois garotinhos por conta da casa. Tô até agora tentando entender como eles conseguem se organizar tão bem no meio de tanto burburinho.
Duas horas depois, alimentadas e bebinhas, deixamos o Bracarense ainda lotado, com muitas pessoas em pé comendo e bebendo muito bem, e o que é melhor, se divertindo.
Ainda antes do show e sem chuva, o palco na visão da cadeira lateral 2 do MaracanãFoto: Tatiana Klix |
Choveu, e muito, no primeiro show da Madonna no Rio. Mas hello, isso não é novidade e os colegas especializados em escrever sobre música já contaram direitinho todos os detalhes da estréia da diva no Brasil muito melhor do que eu poderia fazer aqui. Prefiro, pois, registrar algumas impressões e sensações enquanto fã que esteve no Maracanã no domingo passado e saiu de lá muito feliz. Aí:
1 - Fui e voltei do show de metrô. Emoção total, me senti no primeiro mundo. Tava cheio, mas foi rápido, civilizado e barato.
Eu, Paola e Cacá na expectativa para o show ainda no metrô
2 - O Maracanã tá todo novinho, pintado, com cadeiras confortáveis e banheiros absolutamente limpos e organizados! A primeira e última vez que havia estado lá foi em 1989. Quanta diferença...
Nô canto à direita, mulherada gaúcha no Maracanã: Clá, Karu, Ola, Cacá e eu
3 - Como esperava, o público do show era formado em maioria por mulheres e gays. Mas sabe que tinha bem mais homens heterossexuais fazendo companhia para suas namoradas do que imaginei que encontraria?
4 - Paguei caro pelo ingresso de cadeira lateral (R$ 220) no site horroroso da Tickets for fun. Primeiro, porque muita gente comprou convites de estudantes - mesmo sem ser um deles - e ninguém conferiu isso na hora da entrada. Depois, porque não lotou e os cambistas estavam vendendo tíquetes na hora por R$ 40.
5 - O show tem um visual espetacular, cenários lindos, teve performances fantásticas com direito a tombo da diva e beijo na boca de uma das bailarinas, figurinos impecáveis (que resistiram à chuva), mas tudo isso não é o principal. Como disse a Paola, com quem estava no show, foi uma festa muito, muito divertida, de surtar de tanto dançar e cantar junto. E a Madonna sabe como ninguém criar o clima de animação.
6 - A chuva atrapalhou, claro. No início, me acanhei e fiquei na parte abaixo da marquise. Mas isso, até o momento Like a Prayer, quando não me aguentei e me toquei para a mais perto da pista, onde tinha mais espaço para dançar, tomar banho de chuva e lavar a alma.
Ainda abaixo da marquise, Hubert, do Casseta e Planeta, assistiu ao show do meu lado. Depois, com Paola e Cacá, me entreguei para a chuva
7 - A música mais emocionante da noite prá mim: Express Yourself, pedida por uma fã, a pedido da Madonna. Valeu fã!
8 - Sim, ela é linda e poderosa. E como é bom ter uma mulher assim no mundo para nos inspirar e mostrar que, senão tudo, muita coisa é possível.
Do meu lar carioca dava para ver um pedacinho do mar. Nenhuma vista de novela, mas a localização era ótima: Visconde de Pirajá, 517. |
Voltei. O computador foi fazer um passeio no Rio, mas a pecinha aqui conseguiu ficar offline quase o tempo todo, o que significa que o blog também parou. A blogueira agradece, tava merecendo!
Fiz quase tudo que eu havia planejando no post pré-férias e um pouco do que foi sugerido nos comentários, embora tenha chovido mais do que eu gostaria e eu tenha freqüentado mais o comércio e menos a praia do que imaginei que faria. Não dá nada, no saldo me diverti e descansei tanto quanto eu desejava. Tô pronta para vencer o que ainda resta de 2008.
Daqui a pouco, entram algumas impressões e diquinhas por aqui. Só para adiantar: Madonna foi tudo de bom!
Lista de coisas que eu quero fazer no Rio, a partir de amanhã:
- Comer biscoito globo na praia e tudo mais que se faz com o pé na areia;
- Tomar muito suco de fruta natural, de preferência das frutas que não têm na terrinha;
- Tomar chopp e comer escondidinho no Leblon, ou no Centro, ou em qualquer lugar, não necessariamente nesta ordem;
- Ir num ensaio de escola de samba, de preferência da Mangueira (nunca fui, mas tenho todo o perfil para adorar. Aliás, eu e a torcida do Flamengo);
- Sambar – ou tentar, pelo menos – na Lapa;
- Comprar biquínis e vestidinhos novos e de preferência baratos;
- Dançar e gritar muito no show da Madonna, a melhor desculpa de todas para passar uma semana no Rio.
Alguém me ajuda a terminar a lista? Adoro dicas novas!
Foto: Divulgação/Institudo Baía da Guanabara |
O canal Ambiente do clicRBS está publicando uma série de reportagens chamada Cartões-Postais Ameaçados. O material, cedido pelo Almanaque Socioambiental, mostra belezas brasileiras que estão em risco devido à exploração e má utilização feita pela atividade humana. Os fatores que ameaçam as paisagens são diversos, como caça, agricultura, estradas irregulares e... o turismo.
Na reportagem de hoje, o alerta recai sobre a Baía da Guanabara, local que pode ser considerado o principal cartão postal do Brasil. A degradação do ambiente no Rio de Janeiro começou cedo, na colonização do país, com os ciclos do ouro e do café e a conseqüente devastação da Mata Atlântica. Hoje, a preocupação maior é a poluição. A Baía da Guanabara recebe cerca de 20 toneladas de esgoto por segundo e 1,5 mil toneladas de lixo por dia. Que triste, né?
Esse fenômeno é replicado em maiores ou menores proporções ao longo de toda da costa brasileira. O desenvolvimento industrial e do turismo não é acompanhado dos cuidados e da estrutura necessária para preservar o ambiente. Ninguém nega sua importância econômica, mas aparentemente não estamos nos preocupando com o que vai acontecer quando tudo estiver destruído. Divido com vocês aqui uma dúvida que me atormenta: tem como desenvolver o turismo sem acabar com as belezas naturais? Vamos salvar a Baía da Guanabara e tantos outros cartões-postais ameaçados?
Histórias, dicas, lembranças e planos de viagens para quem adora passear por aí (e depois voltar para casa). Por Tatiana Klix
e-mail
delicious
Facebook
LinkedIn
twitter
www.flickr.com |
Dúvidas Frequentes | Fale conosco | Anuncie - © 2009 RBS Internet e Inovação - Todos os direitos reservados.