Li ontem no Vida Feminina a dica de um livro que me interessou: 100 viagens que Toda Mulher Precisa Fazer, da escritora Stephanie Griest. Ela tem aquela profissão que eu pedi a deus, a de escritora de viagens, além de uma história de vida interessantíssima. Nascida no Texas, filha de mexicanos, já escreveu outros dois livros (Around the Bloc: My Life in Moscow, Beijing and Havana e Mexican Enough: My Life Between the Borderlines) desde que decidiu sair pelo mundo e levar isso a sério. Mesmo antes de ler a obra completa, já me identifiquei e ri sozinha com uma dica que está na entrevista feita pela agência O Globo:
"No fim, se tudo der errado, chore. Pode parecer um conselho péssimo e machista, mas chorar realmente funciona, principalmente se você está sozinha e com algum problema sério. Foi assim que consegui tirar a segunda via de documentos em Istambul, que me livrei de multas em Angola e consegui fazer com que um avião não decolasse sem mim. Claro que este é um último recurso e não é para todas, mas realmente funciona".
Aprendi isso lááá em 1995, tentando resolver um perrengue em Roma, meu maior de todos em viagens, aliás. Eu só perdi (ou fui roubada, nunca saberei) os meus DOIS PASSAPORTES, o brasileiro e o alemão. Mesmo assim, com 20 aninhos, achava que tudo ia se resolver facilmente, sem nem incomodar mãe e pai no Brasil. Da experiência, me resta um certo traumazinho com italianos – que não ajudaram em nada no momento em que me dei conta da perda no albergue e em todos os lugares pelos quais passei nos três dias seguintes –, da maldita sesta – por conta da qual tudo fecha até as quatro da tarde – e de Roma – de onde saí sem sequer conhecer a Capela Sistina.
Mas o choro foi realmente necessário no consulado do Brasil, veja só, onde imaginei que me sentiria totalmente em casa. E não é que de maneira bem seca, quase grosseira, me disseram em bom português que só poderiam me dar um passaporte provisório com o qual eu teria que voltar direto para o Brasil, sem escalas, sendo que estava na primeira semana de um viagem programada para durar 45 dias? Rapidinho, depois de várias lágrimas e lamentações, o diplomata mudou de ideia, me ofereceu uma aguinha e disse que se alguém mandasse por DHL um documento, tudo poderia se resolver. Óbvio que meu pai me ouviu chorando minutos depois no telefone e providenciou o envio da minha identidade no mesmo dia.
Ou seja, momentos mulherzinha têm seu valor!
Lições para evitar o perrengue "perder os passaportes” ou como tentar resolver o problema antes do choro
• Se você tiver dois passaportes como eu, NUNCA guarde os dois no mesmo lugar. Assim, se você perder um, se vira com o outro.
• Se você tiver que pegar ônibus lotado com um mochilão pesado nas costas em Roma, que não é nenhum Rio de Janeiro mas também não é a Finlândia, NUNCA guarde o passaporte numa pochete pendurada no ombro. Não tenho certeza, mas desconfio que uma indiana me roubou sem que eu tenha percebido no trajeto da estação de trem até o albergue.
• NUNCA viaje sem a carteira de identidade ou outro documento além do passaporte, ou ao menos a cópia de um documento autenticado. Tinha levado xerox simples do meu RG, mas isso não valia para nada, nem para fazer o chek-in em albergues ou hotéis. Quase fiquei sem lugar para dormir também.
• NUNCA vá até um albergue afastado da cidade, na alta estação, com mochila nas costas, sem reserva e sem antes ligar e perguntar se tem vagas. Como perrengue nunca vem sozinho, no mesmo momento em que descobri que estava sem meus passaportes também recebi a notícia que não havia vaga para meninas nos quartos.
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Voltando à Stephanie Griest, que provavelmente deve ter histórias bem mais interessantes para contar além do choro, copio aqui alguns links sobre a autora que descobri googleando:
Livros
Vídeo no Youtube de uma palestra no Google
Vila do Abraão é o ponto de chegada dos barcosFoto: Tatiana Klix |
Ilha Grande é daqueles lugares que faz a gente esquecer ou pelo menos relevar qualquer perrengue. Mas se você não tomar alguns cuidados, pode enfrentar certa dificuldade para chegar até lá.
Do Rio, é preciso ir até Angra dos Reis ou Mangaratiba, de onde partem barcos para a ilha. Fui de ônibus para Angra. Normal. Há linhas saindo em vários horários da rodoviária e é só chegar, comprar a passagem e embarcar. Na companhia das amigas agora radicadas na China Jana e Paula tudo ia bem até que um passageiro pediu para descer em determinado ponto da estrada. O motorista parou, mas um pouco depois e despertou a fúria do cara. Uma discussão logo virou briga porque o passageiro exigia o retorno do ônibus, enquanto o motorista dizia que não poderia fazer isso. A coisa esquentou e o bárbaro partiu para agressão... Foi correira e confusão, soco, pontapé, turma do deixa disso em ação até que o passageiro desistiu, mas não sem antes arrancar a porta do ônibus e pisotear o vidro até quebrá-lo. O resto da viagem foi com ventilação natural.
Sãs e salvas, chegamos a Angra antes das 11h. A maneira mais fácil e segura de ir até Ilha Grande é com a embarcação regular da empresa Barcas SA que faz rigorosamente todos os dias a rota "Mangaratiba-Abraão (a principal vila)-Angra dos Reis. A barca sairia às 15h30min, mas quem disse que a gente queria esperar? Em uma agência de turismo bem instalada numa lojinha da rodoviária, passagens por R$ 15 para um barco privado às 13h eram oferecidas (a barca custava R$ 4,90). Perfeito, chegar mais cedo valia muito os 10 reais a mais e ainda teríamos tempo para ir até o porto, achar o barco com calma e (uhú!) viajar rumo a Ilha Grande! Neste meio tempo, houve mais um contratempo para sacar dinheiro (não bastava uma de nós, mas as três tínhamos conta no Banrisul, o banco do Estado dos gaúchos, mas só dos gaúchos). O caixa 24 horas estava fora do ar e já me imaginei dormindo em Angra para esperar a volta do sistema. Não foi preciso, retornou logo e, correndo, estávamos no local onde supostamente estaria o barco para o qual havíamos comprado passagens 10 minutos antes do horário marcado.
– O barco sai só às 17h... – era a explicação que dois barqueiros sem camisa davam em português a um bando de gringos que tentava se fazer entender em inglês.
Sim, nós, as brasileiras descoladas caímos no conto do barco que não existia. Inconformada com tamanha patetice, tive um momento líder de turma e intérprete. Organizei quase um piquete do tipo "paguei quero barco". Sem muita opção, os gringos seguiram minhas orientações e sentamos todos no barco (para chegar até ele era preciso caminhar sobre vários outros e ir pulando até o que deveria ser o nosso) com a promessa de que se houvesse gente o suficiente partiríamos às 13h30min. Mas não tinha gente suficiente...e a enrolação continuou. Sol na cabeça e nada de ninguém se mexer para fazer aquele treco andar.
- Calma, para que a pressa? Você está de férias - diziam os barqueiros.
Não teve jeito. Alguns turistas desistiram, brabos. Outros, como nós, esperaram, com o que restava de calma. Lá pelas 15h – só meia hora antes da barca –, uma escuna que havia partido de outro ponto do porto veio nos buscar e então levar ao paraíso que é Ilha Grande.
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Sabe por que tratam o turista desta forma? Porque aquilo é muito lindo, muito mágico. Não tem perrengue que estrague (mas que eu senti vergonha pelo Brasil em ver viajantes, na maioria estrangeiros, sendo enganados, senti).
Lições para evitar o perrengue "comprar passagem para o barco inexistente em Angra dos Reis"
1 - Vá com a barca. Desconfie dos transportes privados. Programe-se para chegar em Mangaratiba ou Angra dos Reis perto dos horários da embarcação regular:
Ida
Mangaratiba-Abraão
Todos os dias, às 8h
Angra x Abraão
Segunda a sexta-feira, às 15h30min
Sábado e domingo, às 13h30min
Volta
Abraão x Angra
Todos os dias, às 10h
Abraão x Mangaratiba
Todos os dias, às 17h30min
2 - Não deixe para tirar dinheiro em Angra. Há um Banco 24 horas no cais do porto e alguns bancos na avenida central, mas você sempre pode dar azar. Em Ilha Grande, não há bancos.
Foto: Divulgação |
Esse perrengue é bem light, para descontrair. Daqueles que acontecem com desaviados em uma primeira viagem à Europa, de preferência na primeira semana. Pelo menos, comigo foi assim, num programa também típico de uma primeira vez em Paris: O Palácio de Versalhes.
O passeio é dos mais turísticos (e o palácio normalmente atrolhado de gente) – também pudera, o esplendoroso chateau e o ainda mais suntuoso jardim são realmente imperdíveis. Além disso, apesar de ficar localizado nos arredores de Paris, Versalhes é muito fácil de ser alcançado. De trem, é possível partir de diferentes estações parisienses e desembarcar meia hora depois bem perto do palácio. É fácil, mas não é de graça, nem mesmo custa valor igual ao do transporte dentro de Paris.
Com 19 anos, por um pouco de ingenuidade e alguma tentativa de esperteza, embarcamos no RER para descer na estação Gare Rive Gauche com o mesmo bilhete do metrô parisiense. As roletas não pedem nada diferente disso. Mas os fiscais do trem, pedem. Batata: não demorou a passar um dos controladores para conferir os tíquetes que eu e meus amigos Cacá e Chico não tínhamos, ou pelo menos tínhamos os errados. Ou seja, tivemos que pagar o valor da passagem do RER, mais uma multa, e o passeio que era para ser baratinho (no mesmo valor do metrô) saiu bem mais caro!
Sala dos espelhos restaurada
Foto: Divulgação
Este ano, a reforma da famosa Galeria dos Espelhos no palácio idealizado e financiado pelo rei Luís XIV no século 17 foi inaugurada. A primeira obra feita no local de cabo a rabo levou três anos, custou 12 mil euros e foi paga por um mecanato. Em 1995, vi a sala antes da reforma, mas muuitos de anos depois que foi construída (1684). É simplesmente de arrepiar. Uma pena ser tão concorrida – sempre cheia de visitantes, de modo que e as fotos que a gente tira nunca ficam como as dos cartões postais –, mas mesmo assim, é daqueles lugares em que o "momento do Ohhhh" é inevitável. Momento este que se repete em tantos outros lugares do palácio, dos jardins, da casa da Antonieta e do Grand Trianon.
Quanto custa?
O passaporte para passar o dia e ter acesso a todo o complexo – os grandes aposentos do Rei e da Rainha, a Capela, a Ópera, as grandes galerias, os aposentos de Delfino, das filhas de Luís XV (aos fins de semana), o Grand Trianon, a propriedade de Maria Antonieta e o museu das carruagens – custa 20 euros em dias de semana e 25 euros nos finais de semana e feriados (de 1/Abr à 31/Out). Na baixa estação o valor é de 16 euros (de 01/Nov à 31/Mar). Existem passes mais baratos para visitar apenas algumas áreas. Menores de 18 anos não pagam.
Como chegar de trem
• Com a linha C do RER em direção a Gare de Versailles Rive Gauche Versailles.
• Pelo trem SNFC, a partir da estação Montparnasse, em direção a Versailles Chantiers.
• A partir de Gare Saint Lazare, com o trem SNFC em direção a Versailles Rive Droit.
Lições para evitar evitar o perrengue "viajar de trem com o bilhete errado":
1 - Passeios para fora da cidade sempre custam mais do que trajetos internos. Nada é tão fácil como se pode imaginar, portanto desconfie das barbadas que as roletas de metrô ou trem podem proporcionar num primeiro momento.
2 - Não tente contar com a sorte de viajar sem bilhete e não encontrar um fiscal em meios de transporte. Pelo menos não na França. Não vale o estresse, o dinheiro e o constrangimento, principalmente.
Estação de trem em Novi Sad, SérviaFoto: the_emo1979, Flickr |
A língua, ou melhor, o não entendimento dela, é uma das causas dos maiores perrengues em viagens. Em países desenvolvidos ou muito turísticos, não costuma ser um problema. Se vai bem no inglês, espanhol ou até no portunhol. Mas não é em todo lugar que é assim.
Falo de carteirinha sobre isso pela experiência que tive na então Iugoslávia, em 1997. Nos Balcãs, nem se usa o nosso alfabeto. Eles escrevem preferencialmente em cirílico, aqueles sinais esquisitos também utilizados na Rússia. Ou seja, não conseguia sequer ler placas, jornais, marcas de produtos, nada. Há 10 anos, apenas estudantes falavam inglês no país, mas nos locais públicos, nas lojas, farmácias etc, ninguém entendia outro idioma, senão o local. Me virava na linguagem universal dos sinais e da boa vontade. Sim, ela existe, e a gente inclusive se aprimora na coisa, mas tem seus limites.
Foi na viagem para Montenegro, para conhecer o lindo litoral do Mar Adriático de que já falei aqui, que estes limites se mostraram quase intransponíveis. "Morava" há dois meses em Novi Sad, na Sérvia, quando decidi fazer o passeio. Meus amigos sérvios (que falavam inglês) desaconselharam ir até lá sozinha e me assustaram muito em relação ao transporte. Havia duas opções: ônibus e trem. Era melhor, mas mais caro, ir de ônibus (e eu era estudante) ou, se fosse de trem, deveria impreterivelmente reservar uma couchette (aquele lugar em cabines com cama), porque, segundo diziam, as reservas para assentos normais eram vendidas para mais de uma pessoa e não garantiriam lugar algum. Segui a dica e reservei a couchette para a viagem noturna de ida, que levava umas oito horas, se me lembro bem. Para a volta, só poderia fazer a reserva quando chegasse a Montenegro. Pois a viagem de ida foi uma maravilha. O trem era bem ok (nada parecido com os trens maravilhosos da Alemanha, mas limpinho) e eu dormi tranqüilamente grande parte do trajeto. Foi quando cheguei na estação em Bar e tentei reservar a cabine para a volta que o perrengue começou a se apresentar. Não tinha mais lugar e, não tendo outra opção, reservei um assento normal.
Em Montenegro, a comunicação realmente foi bem difícil, ainda mais do que era na Sérvia, mas deu pro gasto. No dia do retorno, nervosa com a perspectiva de encontrar alguém sentado no meu assento, fui para a estação com duas horas de antecedência. O primeiro a ser feito era achar alguém que me entendesse e informasse onde deveria me posicionar. Até aí, tudo certo. Um dos fiscais indicou o vagão e o assento que supostamente estava na passagem em cirílico. Sentei na cabine vazia, num vagão também praticamente vazio. "Estranho, aquilo não estava batendo com o que as pessoas me diziam, de que o trem ficava sempre muito lotado". Ingenuamente, imaginei ter tido sorte ou que meus amigos tinham me assustado sem motivo.
O trem partiu, e continuava sentada sozinha, louca para me esparramar nos bancos vizinhos. Mas aí veio a primeira parada e vááárias pessoas embarcaram, entre elas uma família de ciganos (sujinhos, sem reserva de lugar, é claro), que escolheu se instalar na minha cabine. Estavam em maior número do que os lugares disponíveis e não hesitaram em me espremer num canto. Houve uma tentativa de comunicação – um deles falava um pouco de alemão e trocamos algumas palavras amenas –, enquanto eu me agarrava à minha bolsa e imaginava como seria uma noite com os ciganos. "Era o que de pior poderia acontecer naquela viagem", pensei, até que o trem parou novamente. E, sim, aconteceu o que haviam me avisado que iria ocorrer. Hordas invadiram o trem (como nos ônibus em horário do pico) carregando malas, trouxas e passarinhos (sem exagero). Os ciganos (sem reservas compradas) foram os primeiros a serem expulsos da cabine. Minutos depois, chegou a minha hora. Uma senhora sérvia (ou de Montenegro, sei lá) veio até mim, gritou, esbravejou algo que não compreendi. Tentei, obviamente sem sucesso, argumentar que tinha passagem e reserva para aquele lugar. Mas não teve jogo, não havia a menor condição de me defender com a língua dos sinais. Abandonei o lugar, passei pelo corredor lotado carregando bagagem, ainda na esperança de encontrar um fiscal que pudesse me ajudar e defender.
Como só ia acontecer, não aconteceu. Falei com mais de uma pessoa, ouvi algumas informações desencontradas e acabei desistindo de achar uma cabine para sentar. Para sair do meio da multidão, fui até outro vagão, o das couchettes, que surpreendentemente estava com o corredor vazio. Pronto, ficaria ali. Um dos guardinhas do trem ainda tentou me impedir, dizendo num parco inglês que era proibido transitar naquele vagão. Foi a hora do escândalo. NÃO, quase chorei, mas NÃO deixei ele me tirar dali. "Eu havia comprado passagem, feito reserva, chegado cedo, ninguém havia me informado nada direito, uma mulher havia praticamente me arrancado de onde estava e NÃO, não voltaria ao corredor lotado", gritava. E funcionou.
A idéia era descansar no chão mesmo (não seria a primeira vez que faria isso), e o pior parecia ter passado. Mas fazia frio...e eu não tinha casaco, de modo que a coisa ficou ainda mais desconfortável, não conseguia dormir de jeito nenhum e o tempo absolutamente não passava. Enquanto isso, alguns dos passageiros das cabines daquele vagão – em vez de ficarem em suas caminhas – estavam no corredor, conversando e bebendo Rakia (a bebida típica do país, uma aguardente muito forte que eles apreciam até no café da manhã). Não domorou para puxarem assunto comigo, descobrirem que não falava sérvio, que era brasileira... Rolou aquela conversação na língua universal: Ronaldo! Pelé! Samba! e blá blá blá até acabar o vocabulário possível.
Olhava no relógio de cinco em cinco minutos e agradecia a Rakia que meus colegas de corredor me ofereciam a cada meia hora. "Aquela noite nunca acabaria, ou não acabaria bem". Até que lá pelas tantas um dos senhores, um velhinho muito querido, um anjo da guarda, veio até mim e ofereceu o cobertor da cabine dele. Quase beijei aquele senhor!!!! Um cobertor era como se eu tivesse adquirido acesso a uma suíte num hotel cinco estrelas! Era o que precisava para deitar, dormir e fazer aquela viagem andar. Algumas horas depois, o mesmo anjo da guarda desembarcou numa estação uma hora antes de onde eu terminaria a viagem e novamente me chamou para ocupar a cabine dele, que ficaria livre. Ufa, terminei a viagem dormindo em uma couchette.
Ao chegar a Novi Sad, a cidade – tão longe de casa, onde se falava uma língua tão estranha para mim – pareceu subitamente muito familiar e segura.
Lições para evitar o perrengue "ficar sem lugar no trem"
O perrengue acima não é facilmente replicável em qualquer lugar do mundo (ainda bem!) e não sei se poderia ter sido totalmente evitável, a não ser que eu não tivesse feito a viagem até Montenegro, o que não era uma opção. De qualquer forma, serve para lembrar alguns cuidados importantes:
1 – Em períodos concorridos (fim de semana, feriados, na alta estação) nunca viaje sem reservas. Existe sempre a possibilidade de o trem estar lotado.
2 – Em países de língua estranha, principalmente viajando só, evite riscos. Ouça os conselhos de quem mora no lugar e pague mais para isso, se necessário. Se a viagem de ônibus é segura, vale a pena gastar um pouco mais.
Com este post inauguro uma nova categoria do ida&volta – uma daquelas palavrinhas que aparecem ali na coluna da direita com o objetivo de organizar os posts por assunto. E ela se chama perrengue. Sempre tem um em viagem, né? Seja um contratempo, imprevisto, mal-entendido, até perdas, roubos que atrapalham o que deveria ser o rumo normal das coisas.
Às vezes é algo de fácil solução e resulta apenas em uma boa história para contar, mas em outras toma enormes proporções. E eu sou boa em perrengues. Normal arranjar um. Não basta ser um perrenguezinho leve, como pegar o metrô para a direção contrária ou escolher o dia errado para visitar o museu. Tem que ser dos grandes, com perda, atraso, extravio ou que custe caro para resolver. Nessas horas, sinto tanta falta de uma veia germânica mais desenvolvida. Pelo menos, o jeitinho brasileiro, relax, não deixa que eu perca (muito) o bom humor.
Terminada esta longa explicação, vamos ao perrengue número 1. Não foi o primeiro, nem o pior, mas o inaugural neste blog. Aconteceu em maio, nas últimas férias, em Paris.
Depois de uma semana na cidade, Paola e eu embarcaríamos numa terça-feira, às 11h, para Barcelona no Aeroporto Charles de Gaulle. Justamente para fazer tudo direitinho, aproveitar o tempo e uma promoção, as passagens foram compradas meses antes, no Brasil, pela companhia low fare Vueling, por míseros 20 euros. Chegaríamos em Barcelona já com hospedagem reservada e ainda aproveitaríamos a tarde na capital catalã. Íamos, mas aí vem o perrengue.
Os erros começaram quando desprezamos a distância do aeroporto do Arrondissement 17, onde estávamos hospedadas. Na chegada, nossa anfitriã havia nos buscado (de trem) no Charles de Gaulle. Conversando, o caminho parecia rápido: um trem (RER) até a estação do metrô, mais um metrô e outras duas quadras a pé. Barbadíssima. Por conta disso, não nos preocupamos em pesquisar/perguntar a melhor forma de chegar até o aeroporto e nem quanto tempo antes deveríamos sair de casa. Na manhã do embarque, acordamos mais tarde do que deveríamos, levamos mais tempo do que poderíamos para fechar as malas e mais tempo ainda nas despedidas. Resultado: já saímos de casa com o tempo bem apertado. Aí bateu o pânico e a bobeira. Em vez de fazer o caminho inverso ao que havíamos percorrido na chegada, decidimos inovar para ganhar tempo. Ao ver uma estação de metrô chamada Charles de Gaulle no mapa, resolvemos ir até ela (mesmo sabendo que não tinha metrô no aeroporto). Decisão horrível, só nos distanciamos mais do destino desejado. Ainda tentamos compensar pegando um táxi, mas não teve jeito, quando chegamos no aeroporto é claro que o chek-in já estava encerrado. Como na França não tem caos aéreo nem choro, não teve proposta para embarcar no vôo. O próximo era só às 20h, por mais 90 euros, mais de quatro vezes o valor da passagem original.
Ou seja, uma tarde em Barcelona virou uma tarde no Charles de Gaulle.
O que se faz em uma tarde no Charles de Gaulle?
O tempo foi dedicado a ler e-mails (e quem sabe responder), telefonar, olhar lojas (não são muitas), comer e até escrever cartão postal. Além de beber vinho em copo de plástico, levar as malas para fumar no lado de fora e rir da própria patetice. Rá!
Lições para evitar o perrengue "perder o avião":
1 - Informe-se bem sobre as maneiras e os tipo de transporte para chegar até o aeroporto. Normalmente, fica longe do centro da cidade e é bom avaliar a relação custo-benefício entre preço, conforto e tempo para decidir o que pegar. Tome decisões baseadas em informação concreta, sem chute ou achismo!
2 - Planeje o tempo de transporte para o aeroporto com folga. Desta vez, foi babaquice, mas fatores externos como engarrafamentos também podem atrasar os passageiros.
Histórias, dicas, lembranças e planos de viagens para quem adora passear por aí (e depois voltar para casa). Por Tatiana Klix
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